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segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Testemunha de operação que prendeu 'Joel do Mosquito' é morta em Natal

Jacimaria do Nascimento Vasconcelos, 25 anos, foi morta neste domingo (18).
Em depoimento, ela disse que o pai dela foi 'aviãozinho' de Joel por 13 anos.
Jacimaria do Nascimento Vasconcelos foi morta no Bairro Nordeste, Zona Oeste de Natal (Foto: Divulgação/Polícia Militar)
Uma jovem de 25 anos, uma das nove testemunhas ouvidas pelo Ministério Público durante as investigações que resultaram na operação Citronela – que levou para a cadeia o traficante Joel Rodrigues da Silva, o Joel do Mosquito – foi assassinada na tarde deste domingo (18) no Bairro Nordeste, Zona Oeste de Natal. Jacimaria do Nascimento Vasconcelos estava na calçada de casa, na Av. Felizardo Firmino Moura, quando foi surpreendida por dois homens em uma motocicleta. Ela levou um tiro na cabeça e morreu na hora. Os criminosos ainda não foram identificados.
Jacimaria disse ao Ministério Público que não vendia ou fazia uso de entorpecentes. No entanto, confirmou que o tráfico de drogas na Favela do Mosquito era controlado por Joel. A jovem também revelou que o pai dela, João Maria do Nascimento, morto em 2010 ao ser atropelado por um trem em Extremoz, trabalhou como ‘aviãozinho’ para o traficante ao longo de 13 anos, e que quando vivo costumava guardar armas e drogas para Joel.
Em razão da relação que o pai de Jacimaria tinha com Joel do Mosquito, a Polícia Militar chegou a fazer buscas na residência da jovem em janeiro do ano passado. Na ocasião, policiais do BPChoque encontraram, escondidos no espelho de uma cama, uma pistola prateada e várias munições. Jacimaria não ficou presa, mas admitiu que a arma e as munições pertenciam a Joel. Por fim, a jovem também disse que Joel não morava mais no Mosquito, mas que todas as noites frequentava a casa da mãe dela.
A Delegacia de Homicídios (Dehom) assumiu as investigações. Ao G1, a delegada Taís Aires disse que ainda é cedo para fazer qualquer relação entre a morte da testemunha e a morte do traficante, ou mesmo apontar uma possível motivação para ambos os crimes.
Natural da cidade potiguar de Montanhas, Jacimaria era solteira e dona de casa
Foto que mostra o preso Joel do Mosquito sendo estrangulado dentro da Cadeia Pública de Natal foi feita e divulgada pelos próprios detentos (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Foto que mostra o preso Joel do Mosquito sendo
estrangulado dentro da Cadeia Pública de Natal foi
feita e divulgada pelos próprios detentos
(Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Morte em cadeia
O corpo de Joel foi encontrado dependurado pelo pescoço na noite deste sábado (10). Detentos do Presídio Provisório Raimundo Nonato Fernandes, a Cadeia Pública de Natal,fotografaram e espalharam pelas redes sociais uma imagem que mostra o detento Joel Rodrigues da Silva sendo estranguladodentro do pavilhão B da unidade. Em revista feita por agentes do Grupo de Operações Especiais (GOE) dentro da cadeia foiencontrado o aparelho celular que pode ter sido usado para registrar a morte do detento.

Titular da Delegacia Especializada de Homicídios (Dehom), o delegado Fábio Rogério disse que a Polícia Civil já incluiu a fotografia nas investigações. “Porém, apesar das evidências de assassinato, só mesmo uma perícia do Instituto Técnico-Científico poderá apontar o que causou a morte do preso”, ressaltou.

Quanto à motivação, o delegado não descarta que o crime tenha sido cometido em razão das brigas entre facções rivais que disputam o poder dentro dos presídios do estado, assim como Joel também pode ter sido alvo de uma queima-de-arquivo por causa da operação Citronela, mas que “ainda é cedo para qualquer conclusão”.

Quando o corpo de Joel foi encontrado estava com um lençol amarrado no pescoço e dependurado nas grades de um portão que dá acesso ao primeiro andar do presídio. Agentes penitenciários que trabalham no presídio disseram que os internos que dividiam cela com a vítima contaram que Joel havia se matado.

Favela do Mosquito, que fica no bairro das Quintas, foi o principal alvo do cumprimento dos mandados (Foto: Ediana Miralha/Inter TV Cabugi)
Favela do Mosquito, que fica no bairro das Quintas
(Foto: Ediana Miralha/Inter TV Cabugi)
Operação Citronela
Durante a operação Citronela foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão e duas pessoas foram presas em combate a crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Um dos detidos foi Joel do Mosquito, apontado pelas investigações como líder de uma organização criminosa que comandava o comércio de entorpecentes na região.

De acordo com o Ministério Público, Joel possuía condenação criminal por tráfico de entorpecentes, tendo constituído ao longo do tempo um vasto patrimônio distribuído em nome de terceiros e gerenciado de modo a ocultar a origem ilegal dos recursos.
Patrimônio de R$ 2 milhões

Apesar de comandar o tráfico de drogas na Favela do Mosquito, Joel morava no bairro Pitimbú, na Zona Sul da capital. Durante a prisão dele foram apreendidos no local R$ 102 mil em espécie, além de dólares, pesos argentinos, guaranis paraguaios, 35 celulares e dezenas de joias. Na garagem estavam um Honda Civic, um Toyota Corolla e um Celta.

Quanto ao patrimônio do investigado, cerca de R$ 2 milhões, o MP cita o uso de três empresas usadas para lavar dinheiro do tráfico: duas unidades do Centro de Estética Rodrigues, a empreiteira Building Serviços de Construção e Cafeteria da Terra. Esta última era gerenciada pelo irmão de Joel, Eduardo Rodrigues, também preso e denunciado na operação Citronela.

Estão inclusos na lista de bens apartamentos na Zona Sul e em Nova Parnamirim, na Grande Natal; casas na Zona Norte da capital; uma casa na praia de Búzios, no litoral Sul; seis lotes em um condomínio de luxo na praia de Muriú, no litoral Norte; e um terreno em São Gonçalo do Amarante.

Uma das negociações encaminhadas por Joel era a construção de 300 casas no município de Pureza, na região Leste potiguar, investimento descoberto em uma das interceptações telefônicas feitas durante as investigações.

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