A Polícia Militar do Rio Grande do Norte (PMRN)
terá, a partir de hoje, um novo comandante-geral. A exoneração do coronel
Ângelo Mário de Azevedo Dantas, que ascendeu ao cargo em janeiro de 2015, foi
anunciada ontem à noite pelo governador Robinson Faria após uma longa reunião
com a Cúpula da Segurança Pública, no Centro Administrativo. “Iremos mudar toda
a Cúpula da Polícia Militar. Com todo meu respeito ao coronel Ângelo, mas a
Polícia Militar não se adequou à velocidade da mudança que o governador e a população
esperavam no combate à violência”, argumentou o governador. Nas demais
Corporações, não ocorrerão mudanças neste momento
Em reunião com integrantes da área de Segurança Pública, o governador Robinson Faria afirmou que quem não apresentar os resultados esperados, sairá da equipe
Apesar de não ter confirmado os nomes dos
ocupantes do primeiro escalão da Polícia Militar, fontes ouvidas pela TRIBUNA
DO NORTE durante e após a reunião adiantaram nomes. No comando-geral,
deverá assumir o coronel Dancleiton Pereira Leite. No dia 16 de dezembro
passado ele foi nomeado subcomandante-geral da Corporação. Para o subcomando,
deve ascender o atual titular do Comando Policiamento Metropolitano (CPM),
Ulisses Nascimento de Paiva. E para o CPM, uma fonte informou à TN que o
comandante será o coronel Alarico Azevedo que, inclusive, já ocupou o cargo na
gestão da ex-governadora Rosalba Ciarlini. O anúncio oficial dos nomes,
porém, será feito hoje pelo Governo do Estado.
Sobre o perfil do novo comandante-geral da Polícia Militar, o chefe do Executivo Estadual enfatizou que quer um homem pró-ativo, líder e que não fique apenas sentado no gabinete. “Que ele tenha perfil de liderança e com capacidade de interpretar esse momento difícil, que seja combativo, que ofereça respostas rápidas para a população e que não fique procurando culpados que ele próprio vá para a linha de frente”, definiu Robinson Faria sobre o novo comandante. Os policiais militares que respondem pelos Comandos da Corporação preferiram não comentar a decisão do governador. O coronel Ângelo Mário de Azevedo Dantas não foi localizado para comentar a exoneração e as declarações de Robinson Faria.
Ao longo da reunião que teve quase três horas de duração, com a presença da maioria dos titulares dos diversos Comandos da Polícia Militar, delegados de Delegacias Distritais e Especializadas de Polícia Civil, além de diretores de unidades prisionais de Natal e Região Metropolitana, o governador Robinson Faria cobrou mais “empenho e comprometimento” e, conforme repassados por fontes que acompanharam a reunião, o chefe do Executivo Estadual chegou a falar em “boicote ao seu governo”. Ao final da reunião, ladeado pela secretária de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social, Kalina Leite; e do procurador-geral do Estado, Francisco Wilkie Rebouças, o governador fez um balanço do que fora discutido.
“Fiz um relato sobre o sentimento do governador, que reflete o sentimento da população. Daqui para a frente, será tolerância zero. Não podemos mais tolerar essa violência”, destacou. Robinson Faria frisou, ainda, que todos os comandantes da Polícia Militar e delegados de Polícia Civil entregarão relatórios mensais apontando os índices de redução de ocorrências policiais e solução de crimes. Quem não se adaptar, será substituído. “Quem não entrar no ritmo da mudança, eu mudo”, asseverou. E os policiais e delegados que alcançarem as metas impostas pelo governador, serão premiados. Sobre este assunto, Robinson Faria disse que será através de melhorias salariais. “Está sendo estudado”, disse o governador, quando questionado sobre a forma da premiação.
Quem sai do comando-geral
Cel Ângelo Mário de Azevedo Dantas
Atua na Polícia Militar do Rio Grande do Norte há 34 anos. É especialista em Segurança Pública e Cidadania. Foi corregedor da PM, comandante do 1º Batalhão e sub-comandante do 3º Batalhão. Fundador do Museu da Polícia Militar. Também comandou o Pelotão de Umarizal e o Pelotão da cidade de Luís Gomes. Criou o Museu da Polícia Militar, no Quartel do Comando Geral, em Natal.
Divulgação
Cel. Dancleiton é um dos mais cotados para o comando da PM
Quem deverá assumir
Cel Dancleiton Pereira Leite
Nascido em Natal/RN, ingressou na Policial Militar em 1987. Concluiu o Curso de Formação de Oficial em São José do Pinhais/PR, em 1989. Tem pós-graduação em Nível de Especialização em Metodologia do Ensino Superior e da Pesquisa Científica - Técnicas de Ensino pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.Na PMRN atuou como chefe de Operações do Comando de Policiamento da Capital, comandante e subcomandante da Academia de Polícia Militar “Cel PM Milton Freire de Andrade”, subcomandante do Comando de Polícia Rodoviária Estadual, comandante do Batalhão de Polícia de Choque e Diretor de Pessoal. Em 16 de dezembro passado assumiu o cargo de subcomandante e chefe do Estado Maior da PMRN. É casado e tem três filhos.
Entrevista do governador ao RN primeira edição da Intertv Veja abaixo trechos da entrevista:
Investimentos
“Eu dou toda a razão a população, até porque nosso governo investiu bastante em segurança pública, convocamos 3.300 policiais militares; nunca foi dada tanta reposição técnica, de equipamentos, de carros, de armamentos para os policiais militares e civis. O governo está pagando diárias operacionais. Ou seja, tudo que estava ao alcance de política pública, o governo cumpriu e porque não tem resultado? Porque a segurança não melhora? Eu não sei...”.
Fugas
“Em relação às fugas, eu tenho estatísticas que são revoltantes. Mandei fazer uma sindicância, em parceria com a Polícia Federal e entidades de controle. Vou falar com o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, para ele mandar uma equipe para investigar o que está por trás dessas fugas nos presídios. Se há algum comprometimento de servidores e, se tiver, eu vou punir”.
Dificuldades
“Eu sabia que era difícil, mas confesso que imaginava que fosse tão difícil porque nós tivemos um ano muito bom, com queda nos indicadores das metas do Ministério da Justiça. Reduzimos 11% da meta que é 5% em número de homicídios. Mas da virada do ano para cá houve um recrudescimento, e essa intensidade de assaltos, roubos, homicídios, morreu uma jovem na Itapetinga, e aquela senhora no começo, esses casos estão sendo elucidados”.
Sentimento de revolta
“O meu sentimento é de revolta, um sentimento de tristeza. Eu também sou cidadão, pai de seis filhos, e não me conformo, até pela condição de governador do Estado, de estar enfrentando essa onda de violência em nosso Estado, em nosso Rio Grande do Norte. Quero esclarecer também que isso aumenta bastante a motivação do governador. Estou me sentindo ultrajado, estou me sentindo desafiado e isso faz eu tomar medidas – e vou tomar a partir de hoje (ontem) – de adequações, inclusive mudanças na equipe”.
Melhorias
“Vou tomar as medidas doa em quem doer, para melhorar a segurança pública”
Segurança preventiva
“A segurança eficaz é aquela que evita acontecer. Não é aquela que você vai encontrar o assassino. Isso não vai devolver a vida da pessoa. Quero uma polícia que faça a segurança preventiva, para dar segurança a quem mora no nosso Estado.”
Mudanças na equipe
Hoje [ontem] a tarde convidei toda a equipe de segurança da Polícia Civil, da Polícia Militar, os comandos regionais, da região metropolitana, de Natal e de todo o Estado; a parte prisional. Quero até anunciar que, na parte prisional, estamos contratando 200 agentes penitenciários para reforçar o trabalho nos presídios. Também estão chegando em Natal, à nosso convite, 90 agentes penitenciários que virão de todo o país para qualificar nossos agentes penitenciários. Vamos abrir concurso para a Polícia Militar, para a Polícia Civil e para o Itep, para aumentar nossos efetivos. Ou seja, plenas medidas estamos tomando, mas eu acho que a metodologia com comprometimento não está à altura do que eu espero como governador para cumprir as metas”
Força-tarefa
“Eu estou inconformado, eu vou cobrar com reuniões sistemáticas – já vinha fazendo, de forma silenciosa. Tenho deixado todo instante de viajar, não tirei férias. Não deixei ninguém tirar férias porque agora é força-tarefa permanente e digo a população que eu não fico constrangido com sua indignação, com a sua reclamação, até porque estou fazendo tudo que está ao meu alcance.
Culpados
“Não posso aqui nesse momento identificar os culpados, mas o que posso dizer que os desabafos dessas pessoas são contundentes, são verdadeiros. O povo está falando o que está sentindo na pele. Na procissão [de São Sebastião, quarta-feira no Alecrim], elas me diziam: governador nós confiamos em você, mas a segurança não está boa, tem que melhorar”. TRIBUNADO NORTE
