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segunda-feira, 15 de junho de 2015

A difícil tarefa de vigiar Alcaçuz

Enquanto o Pelotão de Guarda da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, tentava organizar a escala de militares que fazem a segurança externa do presídio, na manhã de quinta-feira (11), uma vistoria dentro do pavilhão 1 descobria mais um túnel na prisão. A cratera encontrada tinha entre seis e oito metros de profundidade e foi tampada ainda durante a tarde. Os presidiários esconderam a areia da escavação sobre o forro. Se o túnel tivesse passado despercebido, porém, poderia ter resultado em mais uma fuga, especialmente se a tentativa ocorresse à noite, segundo confirmam os próprios policiais militares. Devido ao baixo efetivo, nem todas as guaritas no entorno da unidade são usadas, o que diminui os pontos de vigilância. Na quinta-feira, das 11, sete estavam ocupadas. Não bastasse isso, a falta de estrutura, como refletores de alta potência, permite que haja pontos cegos – aquelas áreas que não podem ser visualizadas de nenhuma das torres de vigia. No dia em que a reportagem esteve no presídio, 16 policiais estavam em serviço, sendo que, na escala, seriam necessários pelo menos 20, visto que no turno de 24h de serviço, os militares descansam três horas a cada três sobre as guaritas. “Nós precisamos de 120 homens. Hoje temos 82, mas isso contando com os que estão de férias, os licenciados, os que trabalham na parte administrativa, ou seja, é bem menor”, explica o comandante da Companhia de Guarda da PM, major Keginaldo Soares da Silva, que assumiu o posto há duas semanas. Não bastasse a falta de efetivo, não existe estrutura mínima para trabalho, segundo reclamam policiais. A reportagem do NOVO Jornal teve acesso às guaritas e constatou os problemas. A fiação se espalha pelas paredes e chão, exposta ao sol e também à chuva, pois, sem portas, não existe qualquer estrutura que contenha a entrada da água. As guaritas são pequenas salas, com cerca de um metro quadrado. Algumas não contam com iluminação interna, nem refletores Os policiais sobem por uma escada de ferro, cujos degraus são colados na parede. Existe uma passarela de cada lado da guarita, onde ficam os refletores. A guarita tem paredes reforçadas. Porém, as janelas, que ficam à altura da cabeça de um homem de 1,7 metros, não são reforçadas contra tiros, por exemplo. O material utilizado nelas é acrílico ou vidro. Mas no caso da guarita 1, por exemplo, por falta de material para pôr na janela, o local foi tampado com tijolos. Para vigiar a área de fora do presídio, o policial precisa sair para uma das passarelas. A distância, a localização e a falta de contato entre as guaritas são outros graves problemas. “O presídio deveria ter formato de retângulo, para cada guarita ter um ângulo de 90 graus. Aqui a gente tem alguns pontos em que de uma guarita a gente não vê a outra”, afirmou o tenente Felipe Souza, que comanda o pelotão responsável pela penitenciária. Entre as guaritas três e quatro há uma quina, por exemplo. “De dia, quem está na quatro consegue cobrir toda essa área, mas à noite, nem a cinco vê, nem o refletor da quatro chega lá”, acrescenta o oficial. O tenente defende a existência de passarelas que ligassem uma guarita a outra, por cima do muro. “Esse é o projeto original aqui, mas não fizeram. Se um policial precisa de ajuda em uma guarita, é preciso descer da guarita, ir até lá por baixo e subir”, argumentou. Um caso à parte é a chamada guarita 0. O posto de observação mais alto do presídio, que não é utilizado há mais de quatro anos, após um raio atingir a estrutura. De acordo com policiais, fios descascados provocam choques no local.

NOVO JORNAL


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