Sejuc compra 500 tornozeleiras
Até o fim deste mês, a Secretaria de Estado da Justiça e
Cidadania (Sejuc) disponibilizará 500 tornozeleiras eletrônicas para
monitoramento de pessoas presas em flagrante delito, que comparecerão
perante um juiz criminal nas audiências de custódia. Na última
quinta-feira (17), o secretário de Justiça e Cidadania, Edilson Alves de
França, informou que pelo uso da tornozeleira e os serviços de monitoramento,
cada preso deverá custar R$ 265,00. O custo total mensal, portanto, ficará em
R$ 132,5 mil, abaixo do que é gasto para manter um preso no sistema
penitenciário estadual.
Divulgação
Caberá ao juiz, nas audiências de custódia, que se iniciam em outubro, avaliar quais presos poderão usar a tornozeleira eletrônica

De acordo com uma
proposta para melhoria do sistema prisional entregue ao governo em 31 de março
pelo Fórum Permanente de Discussão do Sistema Prisional do Estado do RN, o
custo de um preso numa unidade prisional comum oscila entre R$ 1,9 mil e
R$ 2,2 mil. Ao anunciar a aquisição dos equipamentos, Edilson França disse que
só vai anunciar o nome da empresa prestadora dos serviços e fornecedores dos
equipamentos depois da assinatura do contrato, que deve acontecer na
próxima semana.
Os presos em
flagrante ficarão custodiados em cela específica, no Centro de Detenção
Provisória, na Ribeira, e, em um prazo de até 24 horas, serão apresentados a um
juiz na Ribeira, para a audiência de custódia no Fórum Judiciário do
antigo Grande Hotel, também na Ribeira. Caberá ao magistrado avaliar quais
presos poderão usar a tornozeleira. A previsão é de que as audiências comecem
em 9 de outubro. “A atribuição da Sejuc será a de apresentar o preso ao juiz,
por isso ele vai ficar numa cela anexa ao Fórum da Ribeira, aquele que for para
unidade penitenciaria, se leva, e aquele que for para receber a tornozeleira,
recebe lá na hora”, explicou Edilson França.
“Havia uma questão
que gosto de realçar bastante, a de que muita gente pensa que o uso da tornozeleira
é apenas para esvaziar presídio ou soltar bandido. Mas o que se quer com essa
medida, em primeiro lugar, é a garantia do cidadão não ser preso indevidamente,
o que é mais grave. É preciso olhar para esse aspecto”, afirma Edilson França.
O titular da Sejuc
afirmou, ainda, que “muitas vezes quando indivíduo é levado pela polícia, pode
ter direito à prisão albergue ou prisão especial, pode responder em liberdade,
e muitas vezes, acontece de ser jogado numa cela e lá num presídio vai espetar
julgamento”.
No caso da Central
de Flagrantes, explicou o secretário de Justiça e Cidadania, o Poder Judiciário
vai saber se a pessoa presa é primária, se tem bons antecedentes e, a partir
dessas informações, o juiz pode dar uma sentença de prisão domiciliar ou ele
ficar sob vigilância. “A garantia maior é para o cidadão”, reforça.
Segundo França, o
monitoramento de presos com a adoção das tornozeleiras vai atender,
inicialmente, aos que comparecem à Central de Flagrantes, mas ele admite que,
em função de alguma decisão do Juizado da Execução Penal, pode ser que o uso da
tornozeleira evolua para presos provisórios ou do regime semiaberto.
Monitoramento deve
seguir modelo de Recife
O modelo do Centro de Monitoramento de Reeducandos
(Cemer) operacionalizado em Recife (PE), é o que deve ser seguido em Natal para
o monitoramento de presos por tornozeleiras eletrônicas. Para tanto, a diretora
da Unidade de Administração Geral (UAG) da Sejuc, Janaina Xavier, já está em
Recife, desde ontem, para conhecer “in loco” a funcionalidade do serviço e sua
forma de atuação utilizada em Pernambuco desde fins de 2011.
Também viajaram para
Recife o coordenador estadual de Administração Penitenciária, Durval Franco e
uma agente penitenciária que ficará encarregada de supervisionar a equipe que
atuará em Natal. Antes, no dia 11 deste mês, o gerente do Cemer, que é vinculado
à Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) de Pernambuco, Renato Pinto,
havia apresentado o sistema no Centro Integrado de Operações de Segurança
Pública (Ciosp), na Escola de Governo, no Centro Administrativo de Lagoa Nova.
Na ocasão, ele informou que o Cemer funciona 24 horas por dia e conta com 60
profissionais.
Em Recife, durante
o dia, o reeducando tem permissão para permanecer até 500 metros de
distância da sua casa. Após às 18 horas, ele não pode sair da residência.
Em caso de desobediência ou se cometer outras infrações, como a quebra do
equipamento, sofrerá punições, dentre elas, a regressão de regime. A
agente penitenciária Dinorá Simas disse que no primeiro semestre testou por
cinco dias o uso da tornozeleira eletrônica, que é monitorada por GPS. “O
resultado foi ótimo, mesmo dentro do carro, é monitorada a sua velocidade, sabe
se estou correndo muito ou pouco”, disse ela.
O juiz da Vara da
Execução Penal, Henrique Baltazar dos Santos, estava no interior, ontem, mas
disse, por telefone, que adoção da tornozeleira “vai ajudar bastante”, porque
vai permitir que um preso provisório, aguarde o julgamento em liberdade.
“Mas acho que 500 tornozeleiras são poucas. Só em Natal vai se usar as 500”,
alertou. Já em relação a eficiência do monitoramento, o juiz admite que não
está imune a algum tipo de burla. “Sempre existe possibilidade de fraude e
problemas de fiscalização, mas é possível superar”.
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