Candidatura de Rosalba Ciarlini é vetada pelo próprio partido
Avaliada com a pior governadora do Brasil, Rosalba Ciarlini não será candidata à reeleição. Disputando cargos públicos desde 1988, a mandatária está fora do pleito de 2014, decisão que já havia sido tomada pelo diretório estadual do Democratas no dia 2 de junho, e confirmada na convenção do partido, ocorrida no último domingo, 15, em Natal. O DEM optou por priorizar a aliança proporcional com os partidos que integram a base de apoio ao pré-candidato ao governo pelo PMDB, Henrique Eduardo Alves.
Dos 243 votos sufragados na convenção, 121 confirmaram a tendência do partido e posicionamento do presidente nacional e estadual da sigla, senador José Agripino, principal defensor da aliança proporcional. Apenas 63 pessoas manifestaram o desejo de ver Rosalba candidata novamente ao governo. Foram registrados ainda nove votos nulos, dois em branco e 48 abstenções.
A governadora chegou à convenção sem apresentar nomes de pré-candidatos a vice e senador em sua chapa. Também não confirmou o apoio de nenhum partido ao seu projeto de reeleição. Diante da situação, o advogado do diretório nacional do Democratas, Fabrício Medeiros, emitiu parecer contrário ao pedido de Rosalba, alegando que o estatuto do DEM exige que o registro de chapa na convenção dever ser feito de maneira completa.
A tese de Fabrício Medeiros foi rebatida pelo advogado Tiago Cortez, que defende a governadora. O causídico justificou que Rosalba tinha o direito de ser votada, independente de ter ou não apresentado chapa completa. Mesmo contrário ao registro do pedido, o senador José Agripino aceitou colocar o nome da governadora em votação.
"Uma chapa que não tinha amparo estatutário, com indicação da governadora Rosalba, sem vice, sem chapa proporcional, que significaria um risco para a sobrevivência do partido, foi aceita, por mim, contra todas as recomendações no campo jurídico, para dar ao partido a oportunidade de conhecer o real sentimento, para não ficarem no campo dos questionamentos, da vitimologia", relatou José Agripino, após o resultado da convenção,em conversa com a jornalista Anna Ruth.
Tentando convencer seus pares que a candidatura majoritária era viável, a governadora enumerou ações da sua gestão, voltou a adotar o discurso de terra arrasada, e relembrou o ingresso na vida pública, motivado, segundo ela, por figuras políticas como o ex-governador Tarcísio Maia, pai de José Agripino.
"Quem mais me estimulou a ter a coragem de sair do consultório foi seu pai, dr. Tarcísio Maia. Ele foi um dos muitos que tentaram me colocar nesse caminho da vida pública, para servir, seguir os ensinamentos do meu partido", discursou Rosalba, sugerindo ainda que o DEM realizasse uma nova convenção até o dia 30, quando ela poderia apresentar a chapa fechada.
Divulgado o resultado da votação que sepultou o desejo de Rosalba ser candidata mais uma vez ao governo, a chefe do Executivo do RN se pronunciou, através de sua assessoria: "Estou tranquila, serena, e com a consciência de que lutei até o fim para ter o direito de ser julgada pelo povo nas urnas. Fiz um governo sem escândalos, usei o dinheiro público para ajudar o Rio Grande do Norte e esperava poder mostrar o que fiz e deixar os potiguares me julgarem", afirmou.
José Agripino também comentou a decisão do partido, afirmando que o resultado da convenção proporcionará a sobrevivência do DEM. "O partido falou e decidiu qual o caminho que quer seguir, o partido quer sobreviver, e o caminho da sobrevivência é a coligação na proporcional, com os partidos que já se manifestaram desejosos da nossa companhia. No campo majoritário, as alianças serão feitas de acordo com o entendimento livre dos nossos companheiros", frisou em entrevista à jornalista Anna Ruth.
Imprensa nacional repercute decisão do Democratas
O veto do DEM ao projeto de reeleição da sua única governadora em mandato repercutiu em todo o Brasil. Portais de notícias como o G1, Uol, Terra, Agência Estado, além dos sites da revista Veja e dos jornais O Estado de S. Paulo, Diário de Pernambuco, O Povo, entre outros, deram destaque à decisão do Democratas.
Pela primeira vez, ocupante do Poder Executivo estadual não disputará reeleição no RN
Eleita em 2010, no primeiro turno, com 813.813 votos (52,46% do total), Rosalba Ciarlini é a primeira ocupante do cargo de governador que não disputará a reeleição no Rio Grande do Norte.
A reeleição para cargos no Poder Executivo entrou em vigência no país em 1998, após aprovação da Emenda Constitucional nº 16, de 4 de julho de 1997. A mudança foi promovida durante a gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Na época, o RN era governado pelo atual ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho (PMDB).
Garibaldi foi reeleito em 1998, com 560.682 votos, derrotando, já no primeiro turno, José Agripino, que recebeu 462.177 sufrágios. Em 2002, a hoje vice-prefeita do Natal, Wilma de Faria, se elegeu para governar o Rio Grande do Norte, vencendo Fernando Freire no segundo turno. Wilma foi eleita para mais um mandato em 2006, derrotando Garibaldi Alves. http://omossoroense.uol.com.br/