Doleiro Alberto Yousseff diz que enviou pelo menos R$ 3 milhões em propina para Natal
Youssef disse aos investigadores que administrou o caixa dois da OAS
A
Procuradoria-Geral da República (PGR) utilizou mensagens apreendidas pela
Polícia Federal no celular de um dos executivos da empreiteira OAS, José
Aldelmário Pinheiro, condenado na Operação Lava Jato, para embasar pedido de
abertura de inquérito contra o senador José Agripino Maia (DEM-RN). As
informações constam do inquérito aberto hoje (7) pelo Supremo Tribunal Federal
(STF), cujo sigilo foi derrubado pelo ministro Luís Roberto Barroso.
A PGR usou mensagens trocadas entre o
parlamentar e o empreiteiro, além do depoimento do doleiro Alberto Youssef, um
dos delatores da Operação Lava Jato, para levantar suspeitas contra Agripino
Maia. Youssef disse aos investigadores que administrou o caixa dois da OAS, e
enviou R$ 3 milhões em espécie para Natal, por meio de seu ex-funcionário
Rafael Ângulo Lopez, que admitiu ter transportado valores para a capital
potiguar.
No despacho no qual decidiu pela abertura
da investigação, o ministro cita mensagens que revelam “possível solicitação e
recebimento de vantagens indevidas” pelo senador em troca de ajuda na liberação
de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
para a Arena das Dunas, estádio construído para a Copa do Mundo de 2014 pela
OAS.
Segundo a procuradoria, Agripino conseguiu
a liberação dos recursos do BNDES e, em contrapartida, teria recebido R$ 500
mil em doação oficial ao Diretório Nacional do DEM, em 2014. A acusação afirma
que as solicitações de valores estão em diversas mensagens trocadas entre 11 de
agosto e 19 de setembro do ano passado.
Em uma das mensagens, José Aldelmário cita
o senador em uma conversa com um executivo responsável pela arena, que pedia
ajuda do parlamentar para agilizar o repasse dos recursos, após irregularidades
constatadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
“Resposta de Agripino ao meu sms: Reuni
hoje pela manhã, em Natal, o secretário da Copa, o conselheiro relator no TCE e
Dr. Charles, para esclarecer o problema e apelar por solução que evite
interrupção no fluxo de pagamentos e interrupção da obra. Vou acompanhar de
perto os desdobramentos. Abs. Agripino.”, diz a mensagem.
A assessoria do senador disse que ele não
foi notificado sobre a decisão e que só vai se manifestar após ter acesso às
investigações. Na segunda-feira (5), após ser informado do pedido de abertura
de inquérito, Agripino disse que a acusação é absurda, inverídica e descabida.
Ele também se colocou à disposição do Judiciário para prestar esclarecimentos.
A OAS nega as acusações. JORNAL DE HOJE
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